Em 1976 é criada uma
associação desportiva, com
sede em S. João da Madeira ,
denominada TURBO CLUBE
Em 1976, quando nasceu o Turbo Clube, o mundo era bem mais pequeno. S. João da Madeira também. Não havia os bares que há hoje e quem não suportava ficar em casa a ver os dois canais da RTP, irritantemente politizados, acabava invariavelmente por se encontrar à porta de um dos quatro cafés da Praça, ou à roda de uma mesa no Mutamba, entre finos e francesinhas, para um palmo de conversa com os amigos.
Falava-se de tudo, da chuva do bom tempo, do Alves-Luvas-Pretas e daqueles dois putos, o Sousa e o Veloso, que brilhavam na Sanjoanense.
Fazia-se o rescaldo dos Jogos Olímpicos de Montereal e, unanimemente, elegera-se Carlos Lopes como herói nacional, depois da medalha de prata nos 10 000 metros e da de ouro arrancada no lamaçal de Chepstown.
Enquanto aguardávamos pelo filme de Alan Pakula, Os Homens do Presidente, comentávamos o best-seller de Erich von Daniken, Eram os Deuses Astronautas? , e interessávamo-nos cada vez mais pelos ovnis, motivo de animadas e polémicas discussões.
Continuávamos a ouvir os Beatles mas curtíamos Neil Young e trauteávamos a Bohemian Rhapsody do novo grupo de rock Queen.
E falávamos de carros. Falávamos muito de carros, do Rali de Portugal, do M. Alen e do Fiat 124 Abarth, do Sandro Munari e do Lancia Stratos, e também da Fórmula 1, do Fittipaldi e do Nicki Lauda…
Nessa matéria, como em todas as outras, havia os experts: a dupla constituída pelo Farinha e pelo Borges, piloto e pendura respectivamente, com larga experiência em automóveis, cimentada pelas participações no campeonato do Inatel, no Campeonato de Iniciados de 1973, em que obtiveram um excelente 3º lugar, e de 1974, em que terminaram na 5ª posição; o Luís Napoleão (Pelão) , com participações no Troféu Datsun, o Zé Lino com participação no I Troféu de Iniciados do Norte, o António Pedro (Mitá) com participações na Rampa da Falperra, o Luís Cambra, vencedor do Troféu de Iniciados em Vila do Conde (1976), o Quim Mané e o Artur Lima.
Primeiro, noite sim noite não; depois, noite sim noite sim, discutiam-se idéias e tomavam-se decisões nos comboios do Mutamba, entre garfadas apetitosas no arroz de bacalhau do saudoso Mário Santos.
Lançavam-se desafios e faziam-se apostas. O tira-teimas tinha lugar marcado nas pacatas ruas do Furadouro, em loucas corridas cronometradas. Uma noite, travou-se luta renhida entre o Pelão, com o seu Datsun 1200, e o César Valente, com o seu Honda Civic. O excesso de confiança acabou por trair o Pelão, que tinha apostado o próprio carro. Perdeu-o para o César e, até hoje, ainda não lho entregou.
Sede do Turbo Clube é local de encontro e de convívio
Quando o Turbo Clube deixou de ser apenas um grupo de amigos unidos pelos mesmos ideais e começou a ter outras responsabilidades, sentiu-se a necessidade de encontrar uma sede. A primeira ficava no número 11 da Rua Camilo Castelo Branco e abriu as portas aos associados nos finais da década de 70. Em 1988, o Turbo Clube mudou-se para a Rua Padre António Vieira (fotos). Em 1991 instalou-se num prédio da Rua D. Afonso Henriques e, desde 1995, está instalada no edifício do 1º quartel dos B. V. de S. João da Madeira, na Rua Alão de Morais.